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As Vinhas do Pico e a sua Epopeia

Foram os homens que fizeram brotar o vinho de um chão de pedra. As mãos dos picarotos transformaram assim esta terra que era considerada negra e monstruosa.

É no final do séc. XVI, inicio do séc. XVII que é introduzida a vinha no Pico. Esta cultura é atribuída a  Frei  Pedro  Gigante,  pároco  da  única  comunidade  picoense, e que na altura se chamava Santíssima Trindade. Hoje é a Vila das Lajes. Este Capelão terá adquirido alguns bacelos ( vara da videira)  importados do Chipre ou da ilha Madeira.

A região entre Santa Luzia e São Mateus, sem terra nem água, não tinha aptidão para nenhuma produção. A cultura da vinha foi a solução encontrada para resolver os problemas económicos das gentes que habitavam esta zona da ilha.
A necessidade aguçou o engenho, e no chão de lava foram abertas pequenas cavidades onde se colocava terra que os picotos tinham que ir buscar ao Faial. Nesta altura era mais fácil atravessar o canal do que ir a outras zonas da ilha, pois os caminhos por terra eram inexistentes.Existe uma certa ironia neste facto pois quem lucrava com a produção do vinho eram efetivamente os faialenses.

O capitão donatário do Pico, Alvaro de Ornelas, nunca mostrou interesse pela ilha acabando esta por ficar ao cuidado de Jobst van Hürter, o capitão donatário do Faial. Este concedeu as terras e a produção aos senhores do Faial ficando os picarotos apenas com trabalhadores.

A vinha do Pico teve nesta altura a sua época áurea sendo exportado para Inglaterra, América, Colonias Britânicas, Brasil e Rússia. Os impostos que advinham da exportação do vinho do Pico representavam cerca de 2/3 do total de impostos recolhidos em todas as 9 ilhas.

Em meados do sec. XIX as pragas destruíram toda a vinha, e Pico e Faial, e de certa forma todos os Açores, mergulharam numa época negra. Nesta altura grande parte dos senhores do Faial acabaram por entrar em falência, a terra desvaloriza e os Picotos conseguem comprar as suas próprias terras. Introduz-se então a casta americana, conhecida como vinho de cheiro, que proliferou, mas que não era bom.

É em 1961 que nasce a Adega Cooperativa do Pico e que se inicia um programa de incentivo á produção das castas antigas, Verdelho, Arinto e Terrantés, dando origem à reconversão da Paisagem e da Cultura da Vinha da Ilha do Pico.

Em 2004  a Unesco classifica como património da Humanidade os cerca de 1000 hectares de vinha velha do Pico.
Se os muros de pedra, que servem para proteger a vinha dos ventos e da maresia fossem alinhados dariam 2 vezes a volta à linha do equador.
Misterioso como tão pouca gente conseguiu construir algo tão grandioso.

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